quarta-feira, 4 de maio de 2011

Os árabes não têm pressa.

OS ÁRABES NÃO TÊM PRESSA

Os árabes, que já eram o “mundo civilizado” quando o Texas ainda era do México e o México ainda era de Montezuma. E divulgaram os algarismos, claro, arábicos – sem os quais nossas empregadas domésticas estariam ao telefone: “Aqui fala MIC, MIC,XIXI” - a goma tbm arábica e os arabescos. Seriam incapazes de violência tão evidente – e vc sabe do que estou falando. Pois têm tecnologia imemorável, com poder inacreditável, que poderia até já ter sido usada para destruição total dos inimigos. Curioso é que os talibãs do mundo ocidental nem percebem isso. Não sabem com quem (ñ) estão falando.

Os árabes, como já provaram nos séculos em que dominaram a Península Ibérica (ainda é I Ibérica, ñ), têm paciência do jóquei. Mas, no momento a pressão ocidental sobre eles – sobre o Iraque e Afeganistão, o Irã, a Síria e a Venezuela (ñ é árabe? Entra no pacote) - já ameaça a sobrevivência do mundo de Cassius Clay.

Foi por temor à violência do Império do Sol – América do Norte – que os árabes, em tempos mais remotos do que os maremotos se prepararam pra sua autodefesa. “Plantando”, no Império sempre agressor, como obras de arte, milhares de lâmpadas de óleo, ricamente decoradas, sagradas e consagradas, que os poderosos infiés passaram, inadvertidamente, a comprara por altos preços. E conservar como preciosidade e orgulho da decoração de suas mansões.

Dentro de cada uma dessas lâmpadas, mt antes da tecnologia da internet e do google, profetas e sábios colocaram um Gênio (criação totalmente biológica) com todo o poder conhecido na época e tbm por inventar. Esse Gênio – por ser super-humano – pode dormir durante séculos.
São todos em princípio! , gênios do bem. Ñ há quem ñ tenha ouvido uma história em que um desses Gênios sai de sua lâmpada e tonitroa: “Faça três pedidos!” e atende a qq pedido do cidadão premiado por essa loteca metafísica.

Os cientistas do ocidente, pra se defenderem da pp ignorância, sempre rotulam essa tecnologia como histórias das Mil e Uma Noites. Coisas de Sherazades. E nunca atentaram pra que, e com que, forças cósmicas esses Gênios atuariam, já que estão acima de quaisquer limitações do tempo e da matéria.

Pois, é. Enquanto isso os Gênios estão dormindo, ignorados, dentro de milhares de casas americanas, ñ por acaso as mais ricas e prepotentes. E, esperam pra reagirem à agressão e às acusações que recebem apenas um sinal que, por ironia da sorte, pode ser dado pelo inimigo – digamos uma bomba caindo numa usina nuclear do Irã.

Lâmpadas? Ñ é só. O Império do Sol ocidental e sua tecnologia militar tbm aparentemente invencível ignoram, tola e superiormente, o mais maravilhoso meio de transporte aéreo jamais inventado – o tapete mágico. Voa a qq altura e velocidade, ñ necessita combustível – portanto ñ pode ser acusado de incitar à guerra do petróleo – e, em milhares de anos de uso, jamais sofreu uma queda ou falha mecânica nem mostra nenhuma fadiga material.

O tapete do rei Salomão – árabe israelense, veja o Corão - era de seda verde. Em viagens o trono do monarca era colocado nele. Cabia? Ora. O tapete era tão grande que nele cabiam todas as forças militares e servidores civis. E, atentem mais importantes, do que isso, tbm todas as forças espirituais. Os homens e mulheres ficavam à direita do tapete, os espíritos à esquerda. Quando todos estavam a bordo, Salomão apenas indicava aos ventos aonde queria ir e lá ia ele, o tapete, à velocidade que o Rei comandasse – a do homem, do cavalo, a do vento a do raio. Grandes pássaros, de asas abertas, protegiam todos do sol.

No século X a. c., Salomão, como sempre sabiamente, achou prudente fabricar tapetes para exportação (infiltração!) em países do Mal. E hoje milhares de residências e palácios na Europa e na América do Norte têm, em seus soalhos ou paredes, magníficos, e caríssimos, exemplares de Selçuks, Bokharas, Karachis e Shirazes. Junto a milhares de lâmpadas com Gênios dormitando dentro delas.
Esperando.
O ataque ao Irã.
Ou à Venezuela. Millor Fernandes.

domingo, 24 de abril de 2011

OS MOVIMENTOS DA TERRA E AS DORES NO CORPO

 
OS MOVIMENTOS DA TERRA E AS DORES NO CORPO
 Você deve estar acompanhando as notícias... os fenômenos da Natureza se manifestando de maneira drástica... terremotos... tsunamis... enchentes ... e ... neste mesmo momento... tantas pessoas com queixas... físicas... emocionais... espirituais... insônias... dores pelo corpo... diarréias... dores na coluna... emotividade à flor da pele... que se acirraram nas últimas semanas... 
 "Os terremotos estão ligados aos problemas de coluna ...
quem está sofrendo da coluna ... medite no eixo da Terra...
 O Reino Mineral está ligado aos nossos ossos...
quem tem dores nos ossos deve meditar sintonizando as rochas, os minerais da Terra...
As erupções dos Vulcões estão ligadas aos refluxos gástricos...
quem tem tido refluxo medite nos Vulcões...
Os tsunamis estão ligados aos vômitos... tonturas...
quem está sentindo estes sintomas... medite no equilíbrio dos mares...
As enchentes estão ligadas às diarréias...
meditem nas fontes cristalinas de água pura... no suave correr dos rios...
As insônias estão ligadas ao movimento dos ventos...
os que tem tido noites intranquilas meditem no movimento nas brisas e das brumas tranquilas...
As dores no corpo estão ligadas às dores da própria Mãe Terra...
meditem nela... os que tiverem fibromialgia... dores... câimbras...
As acelerações cardíacas estão ligadas às Montanhas...
os que tem sentido taquicardia meditem com as Montanhas...
As alergias estão ligadas às Florestas...
quem tem tido a pele afetada... medite com as Florestas...
As depressões estão ligadas às dores da Mãe Natureza...
medite com Ela os que estão tristes e deprimidos...
Todos esses Seres da Natureza se apoiam, se intercambiam...
Quando algo muda, seja num movimento pacífico ou drástico, todo o Sistema participa das mudanças...
A Mãe Terra e a Mãe Natureza também estão sofrendo...
há de haver uma união estabelecida no Amor com a força Primordial e os seus filhos... os Filhos da Terra e do Céu...
Tudo que dói no corpo da Terra ou no Espírito da Terra... tudo que está intranquilo... tudo que está desordenado fora de nós ...
Assim está também no nosso corpo... na nossa mente... no nosso espírito...
Ao entrar em contato com o Ser que está ligado ao seu ajuste seja ele o Eixo da Terra, os Mares, as Fontes Cristalinas, os Rios, as Brisas, as Montanhas, as Florestas, a Mãe Terra, a Mãe Natureza... sinta que este SER tambem habita no seu interior ...
Visualize-o ... tanto dentro como fora de você ... em sua Perfeição ... em sua Paz ... Divinizado que é...
MEDITE...
ORE...
Não importa seu credo ou dogma...
desde que você emane LUZ... AMOR ...PAZ...
Entre em contato e honre o fenômeno da Natureza que está associado à sua desordem física , emocional ou espiritual no momento.
ATENTE:
1) Assegure-se que somente a PERFEIÇÃO, a Beleza, o Sagrado... façam parte de suas meditações.
Vizualize o Ser da Natureza que você está honrando em sua Perfeita Harmonia e Paz...
Sinta-se UM com este Ser.
2) Com esse propósito, acesse somente um SER na sua meditação...
ou seja ... o Ser da Natureza que está ligado ao seu desequilíbrio atual ...
3) Essas energias são extremamente Sagradas e de frequencias muito altas... ligadas diretamente às Ordens Divinas, portanto neste momento você só estará em contato com energias perfeitas...
4) Alicerce sua meditação com a presença de seu Eu Superior e Seu Anjo de Guarda... com Hierarquias elevadas... como os Arcanjos e os Iluminados...
Por exemplo:
SE você está sofrendo da coluna...
neste momento seu SER está conectado com as transformações no Eixo da Terra, você está em sintonia com a hierarquia que rege este movimento... então... se você medita e coloca, todo seu Amor e sua Luz à disposição do Eixo da Terra... você cura seu corpo e ao mesmo tempo facilita as mudanças que certamente continuarão a ocorrer em relação a Ele...
Você se coloca a serviço para a Cura Planetária... bem como para sua cura...
Você está em harmonia com toda a hierarquia que detém e rege o movimento e a manifestação do eixo da Terra...
LEMBRE-SE:
Para o Criador tudo que em nossa leitura pode parecer imperfeito, pertence ao ponto onde habitam nossas ilusões... Todos os movimentos catárticos ... de limpeza... são sagrados... não importa se violentos ou não...
A forma como eles se manifestam depende muito de nossa Vontade... nossos atos e nossas escolhas ... quer sejam conscientes ou não...
Os movimentos cósmicos que regem a Eterna Espiral permanecem Unos... dentro e fora da gente...
A cada dia mais e mais pessoas na grande massa despertam para esta realidade... pertencemos a um Sistema de energias Celestes e Terrenas... elas nos permeiam e conduzem...
TODOS, independente do grau de consciência... caminhamos sempre para uma vibração acima da que estamos... Pertencemos a um Sistema onde a Lei da Evolução dita as normas... Onde todos caminhamos para frequencias superiores... O tempo em que isso ocorre depende de nossa expansão de consciência...
Cada Ser ou Fenômeno da Natureza está ligado a qualquer manifestação do seu corpo..."
DE CORAÇÃO A CORAÇÃO
Sinto Muito, Me Perdoe, Te Amo, Sou Grata


 




 

O Concílio de Niceia


O Concílio de Niceia

Em 325 DC, o Imperador Constantino presidiu ao Concílio de Niceia, no qual 318 Bispos, por ele fortemente influenciados e pressionados, iriam determinar o curso dos 17 séculos seguintes da cultura ocidental.
Foi um dia na história que marcaria, nos séculos vindouros da História Ocidental, o princípio do fim de conceitos como o da pré-existência e da reencarnação, e de importantes conceitos Cosmogónicos como a distinção entre o Deus Ignoto e o Logos, ou Demiurgo, ao mesmo tempo que promovia o distanciamento entre o Homem e o Cristo. Ao mesmo tempo, afirmava a ideia de uma humanidade passiva, “corrompida pelo pecado original”, à qual restava e bastava acreditar na literalidade dos fatos históricos da vida de Jesus Cristo e obedecer cegamente aos padres da Igreja – exclusivos intermediários entre Deus e o povo – para ser salva.

Constantino desejava um Império forte e unido. Naturalmente que, para manter o seu domínio sobre o povo e estabelecer uma ditadura religiosa, as autoridades eclesiásticas teriam que promover o obscurecimento e a ignorância do conhecimento existente nas brilhantes escrituras e filosofias arcaicas (e perenes…), que constituíam um obstáculo aos objetivos da nova religião imperial.
Foi no Concílio de Niceia que se deram dados passos decisivos no sentido de criar uma nova religião unificada, engendrada de forma a servir ao Imperador como forma de domínio político e social.
O Deus do Império deveria ser suficientemente forte para se opor aos Deuses do Olimpo, ao Jeová dos Hebreus e ao Buda do Oriente. Misturando as divindades arcaicas orientais com as antigas histórias de Moisés, Elias e Isaías, foram assim convenientemente criados os símbolos da nova Igreja Romana. De igual modo, para a fabricação desta nova religião, assimilaram-se as práticas do paganismo mais convenientes, enquanto, em paralelo, todas as filosofias contrárias aos interesses da Igreja e do Império eram suprimidas ou ocultadas.

O Concílio de Niceia constituiu-se como o primeiro de vinte e um concílios (oficialmente reconhecidos) realizados ao longo dos séculos com o fim de fabricar e consolidar a teologia de uma nova religião concebida para o fácil controlo das populações. Embora tenham havido concílios anteriores, o de Niceia foi o primeiro considerado como Concílio Ecuménico e o primeiro que foi alvo de convocação. E, certamente, é o mais celebrado pela Igreja Católica Romana, em toda a sua história. 
1.Iremos ver como nele foram instituídas as primeiras “ferramentas” facilitadoras da criação do profissionalismo religioso e do afastamento entre o Homem e o ideal de Cristo; como foram criados os fundamentos da teologia da nova Igreja Cristã, alicerçados na deificação de Jesus e sua consubstanciação com o Deus Pai, bem como na escolha dos Evangelhos que, a partir deste Concílio, passaram a ser os únicos textos considerados como sagrados no Cristianismo.
A Conjuntura
Vejamos então o conjunto de circunstâncias que levou a este acontecimento decisivo da nossa história e cultura.
Até Constantino, Roma exigia uma obediência total ao estado mas tinha bastante abertura à livre expressão da liberdade do pensamento religioso. Em Roma coexistiam grupos que professavam a Tradição Hermética Egípcia, o Zoroastrismo Persa, o Budismo Oriental, o Monoteísmo Judeu, bem como grupos Gnósticos, Filósofos Platônicos, e outros. Esta confluência de diversidade religiosa e filosófica permitia o intercâmbio de tradições e ensinamentos, contribuindo assim para o desenvolvendo de uma teologia bastante rica. Alexandria era o centro de aprendizagem deste império (que então integrava) e a sua biblioteca era a mais famosa da antiguidade. Além do mais, a sua localização geográfica proporcionava a congregação de pessoas grupos de várias culturas e credos.
Entretanto, a acumulação de riqueza nos estratos sociais mais altos, a cobrança de impostos injustos aos pobres, a escravatura disseminada e o desrespeito pela vida humana, tinham chegado a um ponto de decadência que se tinha alastrado, e que estava agora a corromper o coração do império.
Neste contexto vários grupos Gnósticos
2. floresciam em Alexandria. Simultaneamente, nasciam escolas filosóficas e grandes instrutores religiosos que procuravam despertar, nos seus alunos, ideais mais nobres.
Grupos Gnósticos foram aos Cristãos primitivos, verdadeiros herdeiros da Religião-Sabedoria. Até 250 DC, as suas ideias difundiram-se e foram amplamente toleradas. Eles ensinavam que o caminho para a libertação se encontrava pela obtenção da Gnose, o conhecimento das verdades sagradas do Universo Espiritual. Para os cristãos dos primeiros séculos, Cristo era o símbolo vivo da centelha divina em cada Homem; e Jesus, o Homem sublimado, era o “… Chréstos, ou discípulo no Caminho ascendente, (que) havia chegado a ser um poder maior, Christos, ao realizar a união permanente com o seu Espírito, a Mônada Divina, o Pai. Neste estado crístico, Jesus volveu-se apto para ser o veículo de uma Entidade (ainda) mais excelsa, um Mestre de Mestres – o Cristo manifestado em Jesus”
3. Através da sua vida e morte, era demonstrada a via da libertação e ensinavam-se os segredos da ascensão espiritual.Em contraste com a cultura Romana, estes grupos de Cristãos ensinavam a simplicidade, muitas vezes levando vidas ascéticas. Denunciavam a escravatura, a opressão e a brutalidade dos Jogos romanos, onde se sacrificavam os desfavorecidos, às centenas, em espetáculos de carnificina. Roma tinha sido até ai bem sucedida a silenciar protestos populares por meio da morte ou suborno. Estes grupos Cristãos, porém, não eram permeáveis a ameaças: não tinham medo da morte, não eram tentados por suborno, e continuavam a aumentar.
Entretanto, paralelamente, as facções Cristãs mais literalistas, mais fanáticas e que se vieram a tornar Ortodoxas, viram o seu poder confirmado por Constantino. Em 314, um mês depois da morte de Miltiades, Bispo de Roma, o Imperador Constantino nomeou publicamente Silvestre como o sucessor daquele. Silvestre foi o primeiro bispo de Roma a ser coroado como um príncipe. Constantino doou-lhe terras, palácios, poder judicial, dinheiro, força política e até controlo sobre o exército, estendendo assim o seu poder e autoridade sobre todo o Império. Ao ter aceite a aliança entre o Estado e a Igreja, Silvestre foi o primeiro Papa a ter verdadeiro poder temporal. Em troca, promovia-se o papel divino do Imperador Constantino.
Em sequência, dois anos antes da realização do Concílio de Niceia, o Imperador Constantino declara oficialmente o Cristianismo (Ortodoxo) como a religião do império Romano. Consequentemente, toda a Igreja passou também a receber grandes poderes, promovendo assim o apetite pela riqueza da classe eclesiástica. Toda a nova classe de líderes da Igreja Romana deixou então de ser estrangeira no mundo, para ser parte ativa no sistema político vigente, acumulando riqueza e dominando congregações. Os Bispos tornaram-se homens de poder e de política, assim como conselheiros do Imperador, alguns gozando de grande prestígio e cooperando com o Imperador na construção da nova religião, como foi um exemplo Eusébio de Cesareia.
A Crescente Controvérsia
Naturalmente, as vozes dos Gnósticos, cujos valores não se coadunavam com os do Império Romano, e que recusavam a interpretação literal da vida de Jesus promovida pela facção ortodoxa, constituíam sim perigo para a Igreja de Constantino. Os Gnósticos entendiam Deus a um nível metafísico e místico, e sugeriam uma relação com o Divino bem mais madura qdo ue a promovida pelos ortodoxos-literalistas. Em consequência, começaram a surgir verdadeiros focos de discórdia e diferendos vários, que vinham a causar grande ressentimentos na comunidade ortodoxa e a contribuir para debilitar cada vez mais a relação entre estes grupos.
Diferentemente da facção ortodoxa, os Cristãos originais, Gnósticos, consideravam o Deus Jeová dos Judeus como o Demiurgo, o Criador ou Governante do mundo imperfeito, do mundo inferior, e não como o Pai de que falava Jesus ou muito menos como o Absoluto,. Pretendiam ainda alguns dos grupos Gnósticos cortar a ligação a este Deus caprichoso, ou melhor, separar o Cristianismo das noções de um Deus ciumento e vingativo que aparece em tantas páginas do Antigo Testamento 
4.Em acréscimo, nos primeiros tempos do Cristianismo discutia-se na Igreja Ortodoxa a segunda vinda de Cristo (Parusia). Acreditava-se – e a Igreja continua até hoje a subscrever esta idéia - que a humanidade estava prestes a entrar numa idade gloriosa em que Cristo voltaria para recompensar os que nele acreditavam, castigar os que não acreditavam nele e voltar a dar vida física àqueles que tinham morrido em seu favor. Por contraste, a generalidade dos Gnósticos não defendiam essas crenças literalistas. Tal como a crucificação, a ressurreição física não significava nada para eles, pois a verdadeira vitória estava em transcender o corpo físico (e a natureza animal), não em transporta-lo depois da morte. A ressurreição de Cristo não era interpretada de uma forma literal mas sim simbólica, referindo-se a uma transformação interior levada a cabo na Iniciação nos Mistérios.
Outros diferendos, como a Doutrina das Emanações, e as doutrinas sobre a Criação do Universo, suscitavam de igual modo feroz reacção nos Cristãos ortodoxos, tendo-se atingido o ponto máximo de controvérsia – que levou à convocação do Concílio de Niceia por Constantino – com a discussão em torno da Doutrina da Trindade.
A Controvérsia “Ariana”
Discutida pela primeira vez no Concílio de Antióquia em 269 DC, as divergências sobre Doutrina da Trindade alcançam o seu climax no Concílio de Niceia, quando do diferendo entre Arius (e seus seguidores, os “Arianos”) e o Bispo Alexandre de Alexandria (e seu protegido Atanásio), relativamente à consubstancialidade de Jesus com Deus Pai, defendida por este(s) último(s).
Até então, em muitas comunidades Cristãs, era o ensinamento preponderante que Jesus fora um homem que, em virtude da sua vida perfeita e sem pecado, recebera pelo baptismo a Iniciação, tornando-se (um) Salvador do Mundo. Este tinha sido também o ensinamento da Igreja até então, nomeadamente através de Paulo de Samosata (260 – 272 DC), Bispo de Antioquia.
Esta concepção foi seguida por Arius, um presbítero da Igreja de Alexandria. Começava, no entanto, a surgir a tendência materializante da facção ortodoxa. Deste modo, e ao contrário de Arius, Alexandre, Bispo de Alexandria, afirmava nos seus sermões que, em relação ao mistério da Trindade, o Filho era igual ao Pai, que o gerara, e da mesma substância. Dava-se início, assim, à formulação das três pessoas da divindade cristã ortodoxa, uma trindade antropomorfizada e que não admite divindade superior. Arius, tendo sabido dos sermões do Bispo, declarou-lhe oposição e afirmou publicamente a sua dedução lógica: se o filho era gerado pelo Pai, tem que ter havido um tempo, um momento em que o Filho não existia, ou seja, o momento anterior à sua criação. O Filho tinha, portanto, tido um começo, um início. Antagonizando o Bispo Alexandre, Arius iniciou uma forte campanha ensinando em Igrejas e assembleias públicas a doutrina de que Jesus Cristo era filho do Pai, criado pelo Pai e, portanto, uma criatura. Em resposta o Bispo Alexandre escreveu a vários Bispos, incluindo ao Bispo Alexandre de Constantinopla, denunciando Arius e os seus seguidores por tentarem evitar a deificação de Cristo.
O verdadeiro propósito do Concílio de Niceia
Constantino terá percebido que a controvérsia entre os seus Bispos podia constituir uma ameaça e ser um impedimento à unidade do Império Romano. Ou, talvez ainda mais provavelmente, Constantino terá visto nesta conjuntura uma oportunidade para a unidade da religião que ele pensava impor ao império (e como forma de controlar a população), e que acabou por assentar na facção que se opunha a Arius – a facção que veio a ser a ortodoxa.
A nova religião imperial, assente numa mistura confusa das ideologias dos vários grupos Cristãos e Pagãos, permitia a difusão desejada. A adaptação (desvirtuadora, embora) das tradições do passado, facilitaria também a sua aderência pelos povos de Roma.
Adicionalmente, ao atribuir “origens divinas” à Igreja Cristã de Roma, garantia-se que Deus ficava acessível apenas à hierarquiaeclesiástica – controlada por Constantino – e não ao indivíduo comum. Constantino estendia então e reforçava o seu poder político através de todo o Ocidente, garantindo também que, como Imperador defensor da Igreja, se revestia ele próprio de uma manto divino.
Quanto à moralidade que Jesus teria ensinado, esta seria gradualmente modificada de acordo com interesses do Império e da Igreja, que impunha que “fora da igreja não há salvação”, evitando focos de dissidência.

Por último, e de modo a garantir a adesão da população a um catecismo pouco credível, a Igreja postulou a ideia que acreditar nos eventos históricos da vida de Jesus era o suficiente para a salvação, fundando-se assim a “Religião Imperial Católica Apostólica Romana” ou, por outras palavras, o Cristianismo Imperial de Constantino.
O Concílio
Segundo Helena Blavatsky uma névoa de mistério envolve este concílio, o qual “… pode muito bem ser chamado de misterioso. Havia mistério, em primeiro lugar, no número místico dos seus 318 
5. bispos, a que Barnabé deu muita importância; além disso não há concordância entre os escritores antigos quanto à época e ao local de realização dessa reunião, nem mesmo sobre quem seria o bispo que a presidiu” 
6. Não obstante, os frutos da realização deste concílio marcaram de forma indelével o curso da nossa civilização.
Segundo a história oficial da Igreja Católica, o concilio terá sido presidido pelo próprio Imperador Constantino, e nele terá estado presente Eusébio de Cesareia, um dos maiores apoiantes da Ortodoxia, que mais tarde reescreveu a história da Igreja, segundo a perspectiva do Cristianismo Imperial de Constantino.
Deve-se a este concílio duas ferramentas chave da teologia da igreja Católica:
A decisão de quais, entre os muitos Evangelhos existentes, eram inspirados pelo Divino, ou seja, a seleção dos Evangelhos oficiais (e a subsequente erradicação de todos os escritos considerados apócrifos);
A formulação Oficial da Doutrina da Trindade, em que a Igreja rejeita o principio “Ariano” (de Arius) e afirma que Jesus é da mesma substância (ou seja, é a mesma entidade) que Deus.
Consequentemente, o Credo de Niceia foi redigido e modificado (nele se inserindo várias redundâncias) de forma a identificar o Pai com o Filho. Quem discordou, foi pura e simplesmente perseguido pelo imperador.
Ainda durante os vários séculos posteriores, os concílios defenderam as visões mais antagónicas e contraditórias sobre a Doutrina da Trindade, visando reforçar cada vez mais a ideia da identidade de Jesus como Deus Absoluto, e o consequente afastamento do Homem e do ideal do Cristo. É exemplo a proclamação de Maria, mãe de Jesus, como “Theotokos” – mãe de Deus – no Concílio de Éfeso realizado em 431 DC.
O Concílio – a seleção dos Evangelhos
Quanto à seleção dos Evangelhos, diz-nos HBP na sua obra “Ísis sem Véu”:
“Todo o atual dogmatismo religioso da Igreja se deve à Sortes Sanctorum, a prática de lançar à sorte alguma coisa com o fim da adivinhação, exercida pelo clero cristão primitivo e medieval. Não sendo capazes de concordar quais dos numerosos Evangelhos seriam os mais divinamente inspirados, foi resolvido no concílio de Nicea deixar a decisão nas mãos da intervenção milagrosa” 
7. Como tal, os actuais Evangelhos Canónicos são estes e não outros devido à Sortes Sanctorum.
Curiosamente esta prática de adivinhação era considerada uma prática sagrada, se feita pelo clero cristão primitivo e medieval. Porém, se exercido por leigos, hereges ou pagãos o sortes sanctorum convertia-se, se acreditarmos nos piedosos padres, em sortes diabolurum ou sortilégio (feitiçaria
8.Ainda segundo Helena Blavatsky, “… Pappus diz-nos no seu Synodicon daquele Concilio: ‘Depois de terem promiscuamente colocado todos os livros que tinham sido referidos para determinação ao Concílio sob a mesa de comunhão de uma Igreja, eles (os Bispos) imploraram ao Senhor para que os livros inspirados fossem parar em cima da mesa, e assim sucedeu (…) Com base na autoridade das testemunhas eclesiásticas, portanto, tomamos a liberdade de dizer que o mundo cristão deve a sua ‘Palavra de Deus’ a um processo adivinhatório, pelo qual a Igreja, em seguida, condenou vítimas infelizes como conjuradores, encantadores, mágicos, feiticeiros e vaticinadores e os queimou aos milhares. Falando desse fenômeno verdadeiramente divino da escolha dos manuscritos, os padres da Igreja dizem que o próprio Deus preside ao Sortes”’ 
9.Refira-se que, nos primeiros séculos do Cristianismo. os Evangelhos teriam chegado a ser mais de 300. A sua redução para somente 4, decorrente do Concílio de Niceia, e o fato de se conhecerem hoje mais de 60 Evangelhos ditos “apócrifos” (como os de Tomé, de Pedro, de Filipe, de Tiago, dos Doze Apóstolos, dos Hebreus, etc.) vem demonstrar o papel preponderante da Igreja Católica na eliminação e adulteração dos primeiros escritos cristãos. Adicionalmente, sabe-se que os diversos grupos de Cristãos Gnósticos, de que são exemplo os Ebionitas e os Nazarenos, tinham os seus próprios Evangelhos, muito diferentes dos textos seleccionados sob os auspícios de Constantino.
Reforçando a incoerência de todo este processo, e de acordo com um dos compiladores da obra “Apócrifos, os Proscritos da Bíblia”, houve textos que, não obstante eliminados da Bíblia Romana, viriam mais tarde a ser nela reintegrados, como são exemplos o Livro da Sabedoria (atribuído a Salomão), o Eclesiástico ou Sirac, as Odes de Salomão, o Livro de Tobias, o Livro de Macabeus, e outros mais. Outra parte de escritos veterotestamentários ficou, no entanto, de fora, como o famoso Livro de Enoch, o Livro da Ascensão de Isaías, e os Livros III e IV dos Macabeus.
O Concílio – o Credo Niceno
Para prover a nova religião de origens divinas, os Bispos reconstruíram um credo existente, enfatizando a consubstanciação do Filho com o Pai, de Jesus com Deus:
“Creio em Deus Pai Todo Poderoso, Criador do Céu e da Terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis;
E em um Senhor Jesus Cristo, filho unigénito de Deus, gerado de Seu Pai antes de todos os tempos, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro, gerado e não criado, consubstancial ao Pai (…)”
De fato, como já foi dito, um dos dois pontos na agenda do Concílio, foi a discussão sobre a natureza de Cristo e a natureza da sua relação com Deus: se o Pai tinha existido antes do Filho, e se Pai e Filho eram da mesma natureza ou “apenas” de natureza semelhante. A discussão centrou-se à volta de uma variação da palavra grega “homos”: em grego a palavra “homos” significa da mesma natureza ou substância, consubstancial. No entanto, adicionando um “i” à palavra – “homoios” – passa a significar de natureza semelhante. Decidiram os Bispos que o termo correto para designar Jesus seria, na língua Grega, “homos”, ou seja, consubstancial.
A Trindade de Hipóstases divinas existente no Hinduísmo e no antigo Egipto, assim como em todos os sistemas religiosos e filosóficos arcaicos
10. foi assim decalcada e antropomorfizada. Consequentemente o Concílio decidiu que a Trindade Cristã seria constituída por Três Pessoas: o Pai, o Filho (Jesus) e o Espírito Santo, e que Jesus, o Filho, era consubstancial a Deus.
Nos Mistérios e religiões arcaicas que antecederam a Cristandade, era bem conhecido que o termo “Filho de Deus” se usava para designar o grau de Iniciação nos mais altos Mistérios, a realização da sua natureza divina por parte do iniciado. Quando um aspirante alcançava, através da Iniciação, de grandes provas e sofrimentos, um elevado estado de perfeição, o seu nome era transformado em Christos, o “purificado”
11. Para a generalidade dos grupos Gnósticos, Jesus era a Sabedoria e a palavra de Deus em virtude da sua indissolúvel união com o Verbo. Cristo, filho de Deus, corresponde analogicamente ao segundo Aspecto do Logos e o princípio Cristico, ou Buddhi, no homem.
Como é óbvio, estas considerações metafísicas por muito enriquecedoras do ponto de vista do conhecimento religioso-filosófico que fossem, não beneficiavam em nada o poder e a autoridade da classe eclesiástica, que se começava a formar no Império através do domínio da facção ortodoxa nas paróquias.
Se os padres da Igreja Ortodoxa fizessem a distinção entre a preexistência da alma de Jesus (ou Jesus homem) e o Cristo ao qual ele ascendeu, isso implicava obviamente que qualquer alma podia, da mesma forma que Jesus, vir a identificar-se com o Filho e, portanto, a progredir na direção de uma União com a Divindade. O poder e a autoridade do Clero, como únicos mediadores entre Deus e o Homem, seriam, desta forma, ameaçados.
Os padres tomaram portanto a direção contrária – uma direção que lhes permitisse o controlo absoluto dos seus crentes, um movimento na direção da absoluta deificação de Jesus.
Em oposição, vários Bispos favoráveis às teses de Arius apresentaram um outro credo ao concilio, o qual foi rasgado, resultando na excomunhão de Arius. O livro de Arius foi igualmente queimado no próprio concílio. Uma confissão de fé (o Credo Niceno) foi então escrita no concílio e assinada por todos os presentes, de acordo com ordem dada por Constantino. Todos os que se recusaram a assinar o Credo, foram banidos.
O Credo subscrito em Niceia é muito mais do que a afirmação da Divindade de Jesus: é também a afirmação da nossa separação de Cristo e do Divino.
Entretanto, curiosamente, o Credo Niceno é também visto por alguns estudiosos como um simples (mas pouco lúcido) desenvolvimento da fórmula “O Buddha, A Lei, A Comunidade Monástica (Buddha, Dharma, Sangha), tendo sido o Concílio o momento em que o Cristianismo rompeu definitivamente com o Budismo eclesiástico, visto que os Essenios, os Terapeutas e os Gnósticos são identificados como o resultado da fusão entre o pensamento Indiano e Semítico, demonstrado por comparação entre a vida de Jesus e Buddha. Na parte lendária, ambas as histórias são idênticas. A parte lendária é contrastada com a característica correspondente noutras religiões, principalmente com a história Védica do Visvakarman” 
12. Aliás, são patentes as similaridades do Credo Niceno com a antiga doutrina Hindu. Krishna era considerado como a incarnação de Visnhu, cuja função era análoga à Segunda Pessoa da Trindade Cristã. No Bhagavad-Gita (datado aproximadamente de 250 AC), o mesmo Krishna é representado como a suprema personificação de Brahman – a divindade suprema que desce para iluminar o homem e contribuir para a sua salvação. Isto vem evidenciar, uma vez mais, que o Credo proposto pela facção ortodoxa e feito assinar pelos Bispos em Niceia resultou de uma amálgama fabricada com elementos de outras doutrinas mais antigas, adaptadas aos interesses e objetivos da nova religião imperial.
Posteriormente, ao longo da História da Igreja Católica, e no decorrer de vários concílios, foram também adicionadas ao Credo Niceno diversas outras referências refletindo a constante adaptação da religião fabricada, nomeadamente a inclusão da passagem “… e encarnou pelo Espírito Santo na Virgem Maria…” e “… também por nós foi crucificado e sob Pôncio Pilatos”, numa clara tentativa de enfatizar um elemento Histórico na vida literal de Jesus, justamente por ser um elemento controvertido”
13.Conclusão
Como vimos, a política do Império Romano foi lentamente assimilada na Igreja, sendo formulada uma religião totalitária com o nome de Catolicismo Romano. A ascensão de Constantino foi um período de grande crescimento da Igreja, com o criar da religião oficial do Império.
Vimos também que no concilio de Niceia se dão os primeiros passos no sentido de construir os alicerces da teologia desta igreja oficial: são “sorteados” os Evangelhos “Divinamente” inspirados, e Jesus Cristo é oficialmente declarado como Deus.
Após este ato, haverá sempre, para muitos, um abismo entre a humanidade e Cristo. De acordo com os padres pós-Niceia, Jesus é o próprio Deus Eterno Imanifestado e Absoluto. Também a noção de “Iniciação” é eliminada. As doutrinas gnósticas e esotéricas, cujos ensinamentos incidiam na evolução espiritual, tornaram-se supérfluas e indesejáveis. A teologia resultante do Credo Niceno promoveu uma passividade em que, de acordo com aquela fórmula, qualquer pessoa tem apenas que aceitar o credo, partilhar dos sacramentos, obedecer aos Bispos e à Igreja, bem como às decisões dos concílios, e será “salvo”.
Este concílio e as doutrinas daí advenientes prepararam também o terreno no qual floresceram as doutrinas do pecado original e do Inferno Eterno, contribuindo para a degradação e aviltamento da humanidade.Vimos ainda que o triunfo do Cristianismo não pode ser separado da influência politica do Império Romano. Ao promover o casamento entre igreja e estado, os líderes da igreja tornaram-se monarcas e Constantino foi quase foi considerado um santo. Consequentemente, uma das grandes preocupações da Igreja foi (não a teologia) mas a eliminação de todos os elementos que se atravessaram na obtenção do poder absoluto. A partir daqui e até 1798 (quando os exércitos de Napoleão entraram em Roma), o Papa e as Monarquias governaram em uníssono.
Quando Constantino morreu, em 337, foi Baptizado (ironicamente só no seu leito de morte e por um seguidor de Arius) e enterrado na consideração que se tornara um décimo terceiro apóstolo. Na iconografia eclesiástica foi representado como recebendo uma coroa da mão de Deus…
Helena Castanheira
Licenciada em Gestão de Empresas

Notas:
1 Dean Dudley, “History of the First Council of Nice”.
2 Sobre os grupos Gnósticos vide Capítulo II de “Cristo” por José Manuel Anacleto (CLUC, Lisboa, 2005); “Os Antigos Gnósticos e o Cristianismo Primitivo” por Ana Isabel Neves, na revista “Biosofia” n.13; H. P. Blavatsky, “Ísis Sem Véu” – Volume III; “H. P. Blavatsky On The Gnostics”, H. J. Spierenburg.
3 José Manuel Anacleto, “Cristo”, pág. 85.
4 Ver Biosofia n. 18, pág. 17.
5 Helena Blavatsky demonstra no Volume VIII dos seus “Collected Writings” como este número reflecte uma mistura entre nomes e alegorias Egipto-Judaicas do Antigo Testamento com as dos Gnósticos Gregos. Nomeadamente São Barnabás, companheiro de São Paulo, relaciona o número 318 com o IHT, em que o Tau (T) significa Jesus crucificado. Também um cabalista relaciona este número com as letras hebraicas Jod, Cheth, e Shin, donde deriva o IHS, que corresponde ainda hoje ao monograma de Cristo.
6 Helena Blavatsky, “Collected Writings” – Volume III, pág. 211.
7 Helena Blavatsky, “Isis Sem Véu” – Volume III, págs. 251.
8 Helena Blavatsky, “Glossário Teosófico”.
9 Helena Blavatsky, “Isis Sem Véu” – Volume III”, págs. 251-253 (cit.).
10 Helena Blavatsky refere no Volume XIV dos seus “Collected Writings” como Orfeu, Pitágoras e Platão, que afirmavam a Trindade das Hipóstases divinas, derivaram grande parte da sua doutrina dos Egípcios, anteriores a eles, e como, por sua vez, os Egípcios certamente derivaram a sua Trindade da Trindade Hindu – Hiranyagarbha, Hari, e Sansara (Brahmâ, Vishnu, e Shiva) – as três hispóstases do Espírito que se manifesta.
11 Helena Blavatsky, “Glossário Teosófico”.
12 Helena Blavatsky, “Collected Writings” – Volume X, pág.67.
13 José Manuel Anacleto, “Cristo”, pág. 84.

PÃSCOA


Muito antes de ser considerada a festa da ressurreição de Cristo, a Páscoa anunciava o fim do inverno e a chegada da primavera. A Páscoa sempre representou a passagem de um tempo de trevas para outro de luzes, isto muito antes de ser considerada uma das principais festas da cristandade. A palavra “páscoa” – do hebreu “peschad”, em grego “paskha” e latim “pache” – significa “passagem”, uma transição anunciada pelo equinócio de primavera (ou vernal), que no hemisfério norte ocorre a 20 ou 21 de março e, no sul, em 22 ou 23 de setembro.
A Páscoa judaica (em hebraico פסח, ou seja, passagem) é o nome do sacríficio executado em 14 de Nissan segundo o calendário judaico e que precede a Festa dos Pães Ázimos (Chag haMatzot). Geralmente o nome Pessach é associado a esta festa também, que celebra e recorda a libertação do povo de Israel do Egito, conforme narrado no livro de Êxodo.
A festa cristã da Páscoa tem origem na festa judaica, mas tem um significado diferente. Enquanto para o Judaísmo, Pessach representa a libertação do povo de Israel no Egito, no Cristianismo a Páscoa representa a morte e ressurreição de Jesus (que supostamente aconteceu na Pessach) e de que a Páscoa Judaica é considerada prefiguração, pois em ambos os casos se celebra uma “libertação do povo de Deus”, a sua passagem da escravidão (do Egito/do pecado) para a liberdade.
De fato, para entender o significado da Páscoa cristã, é necessário voltar para a Idade Média e lembrar dos antigos povos pagãos europeus que, nesta época do ano, homenageavam Ostera, ou Esther – em inglês, Easter quer dizer Páscoa.
Ostera (ou Ostara) é a Deusa da Primavera, que segura um ovo em sua mão e observa um coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor de seus pés nus. A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida. Ostara equivale, na mitologia grega, a Persephone. Na mitologia romana, é filha de Ceres.
Estes antigos povos pagãos comemoravam a chegada da primavera decorando ovos. O próprio costume de decorá-los para dar de presente na Páscoa surgiu na Inglaterra, no século X, durante o reinado de Eduardo I (900-924), o qual tinha o hábito de banhar ovos em ouro e ofertá-los para os seus amigos e aliados.
Por que o ovo de Páscoa?
O ovo é um destes símbolos que praticamente explica-se por si mesmo. Ele contém o germe, o fruto da vida, que representa o nascimento, o renascimento, a renovação e a criação cíclica. De um modo simples, podemos dizer que é o símbolo da vida.
Os celtas, gregos, egípcios, fenícios, chineses e muitas outras civilizações acreditavam que o mundo havia nascido de um ovo. Na maioria das tradições, este “ovo cósmico” aparece depois de um período de caos.
Na Índia, por exemplo, acredita-se que uma gansa de nome Hamsa (um espírito considerado o “Sopro divino”), chocou o ovo cósmico na superfície de águas primordiais e, daí, dividido em duas partes, o ovo deu origem ao Céu e a Terra – simbolicamente é possível ver o Céu como a parte leve do ovo, a clara, e a Terra como outra mais densa, a gema.
O mito do ovo cósmico aparece também nas tradições chinesas. Antes do surgimento do mundo, quando tudo ainda era caos, um ovo semelhante ao de galinha se abriu e, de seus elementos pesados, surgiu a Terra (Yin) e, de sua parte leve e pura, nasceu o céu (Yang).
Para os celtas, o ovo cósmico é assimilado a um ovo de serpente. Para eles, o ovo contém a representação do Universo: a gema representa o globo terrestre, a clara o firmamento e a atmosfera, a casca equivale à esfera celeste e aos astros.
Na tradição cristã, o ovo aparece como uma renovação periódica da natureza. Trata-se do mito da criação cíclica. Em muitos países europeus, ainda hoje há a crença de que comer ovos no Domingo de Páscoa traz saúde e sorte durante todo o resto do ano. E mais: um ovo posto na sexta-feira santa afasta as doenças.
Por que o Coelho de Páscoa?
Coelhos não colocam ovos, isto é fato! A tradição do Coelho da Páscoa foi trazida à América por imigrantes alemães em meados de 1700. O coelhinho visitava as crianças, escondendo os ovos coloridos que elas teriam de encontrar na manhã de Páscoa.
Uma outra lenda conta que uma mulher pobre coloriu alguns ovos e os escondeu em um ninho para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa. Quando as crianças descobriram o ninho, um grande coelho passou correndo. Espalhou-se então a história de que o coelho é que trouxe os ovos. A mais pura verdade, alguém duvida?
No antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos da Antigüidade o consideravam o símbolo da Lua. É possível que ele se tenha tornado símbolo pascal devido ao fato de a Lua determinar a data da Páscoa.
Mas o certo mesmo é que a origem da imagem do coelho na Páscoa está na fertililidade que os coelhos possuem. Geram grandes ninhadas! Assim, os coelhos são vistos como símbolos de renovação e início de uma nova vida. Em união com o mito dos Ovos de Páscoa, o Coelho da Páscoa representa a renovação de uma vida que trará boas novas e novos e melhores dias, segundo as tradições.
Outros símbolos da Páscoa
O cordeiro é um dos principais símbolos de Jesus Cristo, já que é considerado como tendo sido um sacrifício em favor do seu rebanho. Segundo o Novo Testamento, Jesus Cristo é “sacrificado” durante a Páscoa (judaica, obviamente). Isso pode ser visto como uma profecia de João Batista, no Evangelho segundo João no capítulo 1, versículo 29: “Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo”.
Paulo de Tarso (na primeira epístola a Coríntio no capítulo 5, versículo 7) diz: “Purificai-vos do velho fermento, para que sejais massa nova, porque sois pães ázimos, porquanto Cristo, nossa Páscoa, foi imolado.
Jesus, desse modo, é tido pelos cristãos como o Cordeiro de Deus (em latim: Agnus Dei) que supostamente fora imolado para salvação e libertação de todos do pecado. Para isso, Deus teria designado sua morte exatamente no dia da Páscoa judaica para criar o paralelo entre a aliança antiga, no sangue do cordeiro imolado, e a nova aliança, no sangue do próprio Jesus imolado. Assim, a partir daquela data, o Pecado Original tecnicamente deixara de existir.
A Cruz também é tida como um símbolo pascal. Ela mistifica todo o significado da Páscoa, na ressurreição e também no sofrimento de Jesus. No Concílio de Nicea em 325 d.C, Constantino decretou a cruz como símbolo oficial do cristianismo. Então, ela não somente é um símbolo da Páscoa, mas o símbolo primordial da fé católica.
O pão e o vinho simbolizam a vida eterna, o corpo e o sangue de Jesus, oferecido aos seus discípulos, conforme é dito no capítulo 26 do Evangelho segundo Mateus, nos versículos 26 a 28: “Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é meu corpo. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados.
Por que a Páscoa nunca cai no mesmo dia todos os anos?
O dia da Páscoa é o primeiro domingo depois da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 março (a data do equinócio). Entretanto, a data da Lua Cheia não é a real, mas a definida nas Tabelas Eclesiásticas. (A igreja, para obter consistência na data da Páscoa decidiu, no Concílio de Nicea em 325 d.C, definir a Páscoa relacionada a uma Lua imaginária – conhecida como a “lua eclesiástica”).
A Quarta-Feira de Cinzas ocorre 46 dias antes da Páscoa, e portanto a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa. Esse é o período da quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas.
Com esta definição, a data da Páscoa pode ser determinada sem grande conhecimento astronômico. Mas a seqüência de datas varia de ano para ano, sendo no mínimo em 22 de março e no máximo em 24 de abril, transformando a Páscoa numa festa “móvel”. De fato, a seqüência exata de datas da Páscoa repete-se aproximadamente em 5.700.000 anos no nosso calendário Gregoriano.
No final das contas, a Páscoa é mais um rito de povos antigos, assimilado pela Igreja Cristã de modo a impor sua influência. Substituindo venerações à natureza (como no caso da Lua ou do Equinócio, tipicamente pagãs) por uma outra figura da mitologia, tomando os siginificados do judaísmo, os símbolos celtas e fenícios, remodelando mediante os Evangelhos e dando uma decoração final, criou-se um “ritual colcha de retalhos”.

__._,_.__